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Coesão Textual


Trata-se de um mecanismo de articulação textual que cria vínculos entre as palavras, orações e as diferentes partes de um mesmo texto. Esse mecanismo pode ser de 2 tipos:


1 – Coesão Sequencial: É a própria sequencia lógica do texto. De forma que ao longo desse texto, seja apresentado sempre o mesmo tema, porém com informações novas a cada parágrafo. Construindo dessa maneira uma lógica sequencial do texto.

2 – Coesão Referencial: Ela é um pouco mais detalhada em relação às possibilidades de referencia que pode ser feita dentro do texto, ou seja, algum elemento pode fazer referência a algo anteriormente dito, ou a algo que será dito posteriormente no texto.


Neste Blog, abordaremos a Coesão Sequencial.




Vamos ao texto!



(19) Quem são eles?


1 – Nas mãos deles, 169 milhões de vidas, o destino de um país gigante e uma crise brutal, com risco até de congestões capazes de ferimentos profundos no regime constitucional e na tranquilidade relativa dos brasileiros.



2 – Tudo foi dado a eles: o sacrifício de direitos, o sacrifício de milhões de empregos, o sacrifício de incontáveis empresas brasileiras, o sacrifício da legitimidade do Congresso, o sacrifício do patrimônio nacional, o sacrifício da constituição. E eles quebraram o País.



3 – Quem são eles? Um presidente abúlico, alheio a todas as realidades desprovidas de pompas e reverências e que só reconhece um ser humano, por acaso ele próprio; avesso a administrar, por desconhecimento agravado pela indecisão, e que se ocupa tanto de bater papo quanto não se ocupa de trabalhar.



4 – Como complemento, um ministério apenas pró-forma, desautorizado pela evidencia de que não foi montado para ser competente, mas por negócio político. E nele uma equipe econômica dividida entre inseguros eternos, como Pedro Malan, e a audácia dos imaturos no saber e na mentalidade, como Gustavo Franco e Francisco Lopes.



5 – Em 36 horas, entre quarta e sexta-feira, o presidente e seus orientadores econômicos submeteram o Brasil a três sistemas cambiais. O dos últimos anos; o da repentina desvalorização do real, na quarta-feira; e o recomendado na noite de quinta pelo governo americano e o FMI (como relatou o “The New York Times”), liberando o valor do dólar em relação ao real. Ou seja, desvalorizando ainda mais o real. Nem no Haiti isso aconteceu alguma vez.



6 – Não é necessário, por tanto, considerar o que eles fizeram em quatro anos para saber do que são capazes contra a crise perigosa. Bastam às 36 horas de obtusidade e de leviandade, com o presidente insistindo duas vezes em sair de férias a meio do turbilhão que angustiava o país. (...) (Jânio de Freitas, Folha de S. Paulo, 17/02/98).




Vamos à Análise textual!



Analisando o título “Quem são eles?” O título não nos dá muita referência a respeito do que será dito. E nem quem são as pessoas, pois se trata exatamente da pergunta feita para iniciar o texto. O que quer dizer que será utilizado o recurso de omissão, de suspense, para a construção do texto.


Análise do Parágrafo 1: Podemos ver que não houve uma resposta objetiva para dizer “quem eles são”. O autor se utilizou do uso de pronomes para dar continuidade a esse suspense e a omissão da resposta que ele busca com o seu título. Então, existe um elemento coesivo em relação à pergunta que se busca responder. No entanto, ele já se começa a construir os atos dessas pessoas que dirá posteriormente em seu texto. Mostrando uma Referencia sequencial. Lembrando que a coesão sequencial diz respeito ao que ainda virá como informação do texto.



Análise do Parágrafo 2: Somente ao final do parágrafo 1, é que o autor menciona o local onde essas pessoas estão agindo (Brasil) e ao final do parágrafo 2 ele retoma esse local. Isso faz com que exista uma continuidade do tema tratado, no entanto, há um acréscimo de informações em cada um dos parágrafos. Também, é possível perceber que o pronome tudo, mencionado no início do texto, está se referindo a algo que foi dito posteriormente. O pronome tudo significa: todos os sacrifícios que foram feitos para que eles pudessem agir em legitimidade ao povo. Ao repetir os itens sintáticos, o autor está reforçando a sua argumentação, sendo um tipo de coesão.



Análise do Parágrafo 3: Nesse parágrafo o autor irá dizer de fato às pessoas que ele perguntou no título “quem são eles?”. Sendo a primeira pessoa a fazer parte do título, o presidente. O autor continua se utilizando de pronomes indefinidos (um) para a construção da omissão, do suspense inicial. E somente no último paragrafo é que ele vai definir, com o uso de pronomes definidos, quem são essas pessoas.



Análise do Parágrafo 4: No início da frase, a palavra “como complemento”, trata-se se um elemento coesivo. Complemento de que? De tudo o que foi dito anteriormente sobre o presidente. É como se ele tivesse dito que além dele (o presidente), existe ainda “um ministério apenas pró-forma, desautorizado pela evidencia de que não foi montado para ser competente, mas por negócio político”. Existindo ainda um elemento coesivo (mas), que traz adversidade.


“E nele uma equipe econômica dividida entre inseguros eternos, como Pedro Malan, e a audácia dos imaturos no saber e na mentalidade, como Gustavo Franco e Francisco Lopes.” Nesse caso, a palavra “como”, surge como um elemento de exemplificação.


O autor em nenhum momento fugiu do tema tratado, no entanto, em cada parágrafo, ele trouxe uma ideia nova, reforçando a sua argumentação da situação econômica do País.



Análise do Parágrafo 5: Nesse paragrafo o autor começa a definir e responder de fato quem são eles.

“Em 36 horas, entre quarta e sexta-feira, o presidente e seus orientadores econômicos submeteram o Brasil a três sistemas cambiais.” e “Quem são eles?”: o presidente e seus orientadores. Foi respondida a pergunta do título. Ou seja, coerência e coesão mantidas no texto.


“O dos últimos anos; o da repentina desvalorização do real, na quarta-feira; e o recomendado na noite de quinta pelo governo americano e o FMI (como relatou o “The New York Times”), liberando o valor do dólar em relação ao real. ” Ao final do parágrafo, o autor retoma explicando o que esse jornal (The New York Times) falou: “Ou seja, desvalorizando ainda mais o real. Nem no Haiti isso aconteceu alguma vez.”



Análise do Parágrafo 6: No último parágrafo o autor retoma todas as informações anteriores e depois, reafirma o seu posicionamento em relação às ações do governo.

Não é necessário, por tanto, considerar o que eles fizeram em quatro anos para saber do que são capazes contra a crise perigosa.” Essa informação dos quatro anos ele se refere ao sacrifício que foram feitos, nos posicionamentos do governo mencionado nos primeiros parágrafos. “Bastam às 36 horas”. Quais? Essas mencionadas no parágrafo anterior. Ele retoma toda a parte anterior mantendo a relação entre os parágrafos.

“Bastam às 36 horas de obtusidade e de leviandade, com o presidente insistindo duas vezes em sair de férias a meio do turbilhão que angustiava o país.” Agora já definido (o presidente). Foram definidas as pessoas e reafirmado a relação de indiferença que essas pessoas enquanto governantes mantem em relação a situação econômica do país, diante de todo o poder que lhe é conferido a partir do povo.






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